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Mostrando postagens de janeiro, 2017

A militância da formiguinha: sobre amar e odiar o próprio corpo

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Só ontem tirei umas 20 fotos minhas, basicamente para mim mesma. Fiquei pensando depois que essa prática narcisista não deve ser boa, até que hoje li um texto de uma mulher feminista que afirma não conseguir sentir amor pelo próprio corpo  e o quanto isso suscitou nela algumas tristezas e contradições com o fato de se reivindicar feminista.  Eu não sei bem em qual momento comecei a me importar mais profundamente com a pauta feminista que discute o "empoderamento" de um ponto de vista subjetivo: a força da mulher, o ser guerreiras (lobas) e o que eu acho mais importante, como consequência de tudo isso, o tornar-se um sujeito político: com voz, com vontades, com opinião. Comecei a entender, a partir das minhas vivências e das minhas amigas e conhecidas, que o processo de descobrimento do próprio corpo e das vontades e questões individuais subjetivas fazia com que as mulheres, pautadas também pela "dissipação" do discurso feminista em suas mais variadas vertentes,

“O plano é esse: nunca ficar doente”. Simplesmente assistam Eu, Daniel Blake.

Durante dois anos trabalhei no setor de atendimento da defensoria pública da união, onde os defensores contestavam, na justiça, as decisões negativas do INSS relacionadas aos pedidos de aposentadoria, pensões e auxílio doença – todos direitos previdenciários garantidos aos trabalhadores e trabalhadoras no Brasil. Foram dois anos presenciando as mais confusas, tristes e cruéis histórias de vida que eu já vi. As pessoas que chegavam até nós já haviam passado pelas mais diversas formas de violência institucional gerada pelo Estado. Sim, pelo Estado. Começa na necessidade de saber utilizar um computador e a internet – que pode parecer engraçado para uma geração inteira que praticamente nasceu mexendo com isso, mas que é desesperador para quem não consegue entender as interações máquina/gente.  Diversas vezes eu e meus colegas realizamos os procedimentos “online” para alguém que não tinha condição nenhuma de fazê-los. E isso, longe de ser engraçado, é muito triste. Perdi a conta de qua