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Mostrando postagens de 2018

Afinal, o que tem a ver o Brasil com a Finlândia em matéria de educação?

Ultimamente tenho visto muitas pessoas compartilharem críticas ao sistema educacional brasileiro respaldadas em comparações com países europeus como a Finlândia, que de fato é um país que se tornou, principalmente com muita publicidade, referência no tema da educação com o seu sistema “inovador”. Pensando nessas críticas resolvi ler algumas matérias sobre a menina dos olhos finlandesa, isto é, como funciona a educação por lá. A ideia era ler artigos de pesquisa, mas o tempo é muito escasso. Assim, organizei aqui principais pontos para trazer ao debate, com as referências bibliográficas ao final para quem quiser dar uma olhada. Então vamos lá. A primeira coisa importante é nos lembrar que existe alguém (pessoa ou instituição ou ambos) que produz a narrativa da “melhor educação do mundo”. Os critérios que classificam, em qualquer situação, são construídos a partir de algum(ns) referencial. Sendo assim, quando se fala sobre a melhor educação do mundo ser a da Finlândia, o referencial

Encontre amor revolucionário em um mundo de profunda alienação

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Por: Helin Dirik em 02/06/2018 Tradução: Eu  Texto original em inglês: http://theregion.org/article/13568-finding-revolutionary-love-world-of-profound-alienation Amor. Quantos poemas foram escritos, quantas peças de arte foram criadas, quanta tinta foi gasta sobre o amor? É por uma razão que a humanidade desde sempre tenta descobrir os segredos e mágicas por trás do amor. Ao mesmo tempo, o sentido e a substância do amor de alguma forma permanece um mistério. Hoje, chegamos a muitas definições diferentes de amor. Algumas vezes se diz que o amor pode salvar todos nós, outras nos dizem que o amor é cego. Algumas vezes o amor machuca, outras ele significa cura. Mas que tipo de amor nós estamos falando e sobre quais condições o amor é verdadeiro e livre? Quando falamos e pensamos sobre o amor, precisamos considerar as condições sociais e políticas de nosso tempo. Numa sociedade moldada pelo capitalismo, egoísmo, sexismo e (auto)alienação, o significado e a substância do amor to
Eu não sei bem de onde veio, mas eu tinha essa vontade antiga da Chapada dos Veadeiros. É longe, foi mais caro do que eu poderia pagar e precisou de um ventinho soprado a favor, mas a experiência foi absurda. Serena. E não poderia ser em melhor momento que esse.  Eu acho que, de todas as coisas que sinto vontade de escrever quando vou registrar sobre alguma viagem a que mais me impulsiona é esse desejo de colocar pra fora o que foi a viagem em mim, intimamente - compartilhar as transformações subjetivas, os aprendizados. Por exemplo, perceber que a intensidade de grandes cachoeiras que conheci estava não só na força com que caiam, na água congelante, mas no chamar praquela realidade, ali. As cachoeiras que conheci, Veredas, Salto, Couros, Cristais, Santa Bárbara, Cânyon  inóspitas, me faziam acordar para a realidade e dissipavam em mim diversos pensamentos que, cotidianamente, tendem a se fortalecer e que são pensamentos que se retroalimentam, fazem mal. Os monstros, ali, afugenta

Notas sobre um relacionamento abusivo

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Sempre começava como uma espécie de comichão na barriga, uns arrepios indo e vindo e de repente um buraco que vai se abrindo. Não é possível se concentrar. Há um tempo atrás, diante de um daqueles momentos em que se olha para qualquer lado e a única possibilidade plausível, em busca de uma felicidade e dignidade razoável, era sair, procurou conhecer a história de tantas outras mulheres que relataram a vivência de algo assim. Precisou reconhecer que, primeiro, era preciso entender o que era o abuso, em cada uma das situações. Como se manifestava e como a fazia se sentir. Depois, era preciso reconhecer que já julgou muitas das mulheres a quem recorreu, saibam elas ou não, para conseguir ajuda. Pensava obter nelas as respostas de como eliminar o abuso, como fazer para quando tomava a decisão em continuar ali, sentir que havia motivo.  É preciso agradecer a essas mulheres. Sem elas, teria sido mais difícil. Mas essa foi uma digressão. Certa vez, quando resolveu procurá-las, se aliment

O amor: entre o inconcluso e o mesquinho

Quando eu penso nas teorias das coisas, nas coisas ao meu redor que fazem parte da minha vida e na forma como eu as entendo, como vejo o mundo e como gostaria de vê-lo, percebo as tantas inconsistências entre aquilo que sou - e que sinto, e aquilo que penso e que gostaria de sentir. Todas elas, profundas, marcam diversos dilemas na minha trajetória, e tornam-se questões eternas a serem refletidas.  Quando sinto ciúmes afetivo, por exemplo, percebo como o amor livre muito mais uma construção, indefinida e inacabada, isto é, mais difícil do que eu imaginava, e que há muito mais em mim de conservadorismo do que eu gostaria de admitir, principalmente essa insegurança alimentada por um sentimento de propriedade. Eu entendo isso, entendo mesmo. Entendo a complexidade e a teoria das coisas que nos explicam o que é o amor na nossa sociedade: burguesa, capitalista, colonial, patriarcal. Sei de tudo isso. Consigo elaborar análises e reflexões sobre o tema, mas não consigo escapar de viver ess

Sobre duas rodas e um monte de contradições

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Em 03 de janeiro, presenteada com a lua cheia mais bonita que já vi na minha vida, em uma praia de vilarejo no norte do Uruguai (Vallizas), dei início a uma jornada absolutamente inédita dentre todas as experiências que já me propus ter: uma viagem de bicicleta por dois países diferentes, com poucos recursos financeiros e materiais e com um companheiro novato de relação (em meados de janeiro fizemos 04 meses de namoro). O momento, para algumas pessoas, não era o mais favorável para a dita jornada. É que eu ando (e andava) muito frágil e, de fato, por diversas vezes antes da viagem começar eu havia pensado em desistir. Aliás, esse pensamento de desistência seria um dos meus principais inimigos durante toda a viagem. É que constantemente, diante de uma adversidade ou uma fraquejada, eu cogitava seriamente abandonar a viagem - os planos e a relação - pegar minhas coisas e vir embora para casa. Resisti a essa ideia, reunindo forças junto à minha mãe, ao meu companheiro que me incentivava