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Mostrando postagens de 2014

Eu e o feminismo #1

Há um tempo atrás eu conseguia defender sem balbuciar que feminismo era sobre igualdade. Eu conseguia, a partir da discussão sobre ter/não ter privilégios , argumentar com convicção que não se tratava exatamente de se culpar o sujeito de privilégio numa situação de opressão por ele ter aquele privilégio em si, mas sim de fazer com que ele se atentasse ao fato de tê-lo para, então, saber que alguns privilégios são exercidos em detrimento (opressão) do Outro. Só que eu mudei. Minha cabeça é uma confusão, atualmente, mas eu tenho certeza que deixei pra trás essa convicção que eu tinha. Não que eu ache que cada sujeito de privilégio numa situação de opressão é culpado – por princípio - por sê-lo – ÓBVIO que não. Eu ainda tenho plena certeza que sujeitos de privilégio podem ser aliados na luta dos oprimidos, desconstruindo seus privilégios e se atentando a eles. Bom, isso já da uma boa reflexão: o que é se atentar e desconstruir privilégios? Simples. Se numa situação de desigualdad

Sobre tantas dores sutis (machismo)

Fiquei amadurecendo essa reflexão por muito tempo, e acho que mesmo que eu quisesse ela jamais estaria completamente madura – é que os sentimentos se renovam constantemente e isso tem influência em nós. Há um tempo quando eu já tinha aquela sementinha da discórdia dentro de mim alguns questionamentos sobre como e porque a sociedade funcionava como funciona já me eram constantes. Eu não conseguia entender, por exemplo, porque o fato de sempre ter sido gorda ou de ter um nariz grande servia como pretexto para alguns meninos da escola me perseguirem e me zoarem constantemente – inclusive porque naquela época ser gorda e ter nariz grande não eram coisas que me deixavam triste: eu era saudável, fazia atividades extracurriculares e me sentia bem em poder brincar e comer chocolate. Quando a zoação começa a ficar insuportável as meninas procuram aquelas pessoas que são sua referência para serem aconselhadas, e comigo não foi diferente. Me ensinaram que a melhor forma de responder esse tip

Carta de repúdio às canções da atlética da medicina da PUCCAMP.

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Imagina uma universidade, um espaço que forma “o futuro da sociedade” que pensa e reflete sobre ela, espaço de debate, questionamentos, desconstrução e construção. Uma universidade a serviço da população, de toda a população, que procura não apenas formar bons profissionais, mas também pessoas melhores – humanamente falando. É, talvez essa universidade esteja um pouco distante da nossa realidade, e infelizmente disso já sabemos, mas as vezes ela simplesmente nos surpreende um pouco mais. Negativamente falando. Nessa semana uma denúncia trouxe a tona o “submundo” da faculdade de medicina da USP de Ribeirão. Uma música de conteúdo racista, machista e misógino, cantada pela bateria da faculdade foi divulgada e as pessoas ficaram horrorizadas, dividas em discursos de incredulidade ou de aceitação (“a gente sabe que é assim” ou “é só uma brincadeira”). Junto com isso, inúmeras pessoas da universidade, até então silenciadas começaram a denunciar práticas que, pasmamos todos, condiziam e

Notas sobre o luto - Ou a realidade como ela é.

Há um pouco mais de um ano tive minha primeira experiência com a perda de alguém. Alguém que tinha sua dimensão de importância na minha vida, que me ajudava a significá-la e entendê-la - alguém que em menor ou maior grau possuía um espaço e a quem eu atribui um significado. Acho que o mais maluco de tudo foi que por muitos dias e semanas realmente doeu. Me peguei contendo lágrimas e colocando o pensamento de lado para não lidar com ele. Sempre ouvi falar de maneiras de se lidar com o luto - ou os cinco, seis, sete passos do luto. Ainda acredito nisso, mas percebi que, quando fui lidar com o meu luto, quis acelerar o processo ou passar logo por todas as etapas ou mesmo pular algumas, pra ver se de alguma forma aquela dor e aquela sensação de vazio se transformavam em alguma coisa que fosse alegre - e cheia. É comum as pessoas argumentarem que, ao lidarmos com a perda de alguém querido, precisamos nos prender naquilo que foi bom, que trouxe felicidade, nas boas lembranças desse alguém.

Um BBB representa muita gente...

Ângela e Marcelo são dois participantes do Big Brother Brasil 14 que em determinado momento começaram a ficar. Passado um tempo, Ângela pareceu desencanar e decidiu colocar um fim no “relacionamento”. Foi paciente, explicou pro cara seus motivos e disse que, como conviveriam na casa por mais algum tempo, queria ser sua amiga. Não havia maldade – As pessoas ficam e as pessoas desencanam e, bom, quando UM não quer, dois não fazem, né? Marcelo se surpreendeu, tentou argumentar que Ângela estava fazendo um joguinho, um “doce”. Quando ela foi firme em sua decisão, Marcelo azedou. O cara que era uma referência de amorzinho, doçura, meiguice e um pobre coitado rejeitado (após se envolver com outra participante da casa) começou a colocar suas asinhas de fora. Brigou com Ângela, não aceitou ser SÓ AMIGO, criando tensão com a menina na casa. Depois de um tempo, a contragosto, teve que aceitar a decisão e se manter como um colega. Ou a gente achava que aceitou. Bem, eu assisti a edição de do