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Eu não sei o que fazer com todo esse vazio desse luto

Tem algo no meu peito, algo como que sufocando, deixando difícil e pesada a vital função de respirar, isto é, fazer chegar pelo corpo todo o oxigênio, bombear o sangue e fazer a cabeça continuar funcionando. Não é como se minha cabeça não estivesse funcionando, mas é como se ela só cumprisse um determinado tipo de pensamento e, para variar um pouco, durante outro tempo duvidar da realidade que está acontecendo. Eu também sinto assim como um cansaço, no corpo todo, e desde ontem minha mandíbula - especialmente os dentes de baixo - estão num latejar constante e dolorido, culpa do bruxismo, um nome peculiar e aleatório. Eu sei que o luto é um processo. Sei que a psicologia explicou que esse processo tem suas fases, estágios e essas coisas. Já assisti inclusive um filme que falava, de maneira ácida e debochada, das fases do luto do fim de um relacionamento. Mas é claro que não é a mesma coisa - porque existe uma ausência cuja existência não deixou de existir, de fato , enquanto que a

Da verborragia que eu sinto quando consigo falar mas não há escuta.

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O único título que vem na minha cabeça para combinar com o humor de hoje é verborragia misândrica. A parte o fato de achar que a misandria como escolha política não resolve nossos problemas de desigualdade de gênero e exploração, hoje particularmente foi um daqueles dias em que não fazia nenhum e absolutamente nenhum sentido para mim tentar continuar dialogando com homens. Nenhum: homem.  Verborragia é bom porque não precisa mesmo de organização, já que na minha cabeça o que eu consigo unir entre muitas interjeições truculentas, ofensivas e esvaziadas de qualquer conteúdo (embora cheias de sentimentos) são ideias que estão muito confusas sobre o que eu quero falar que é o meu verdadeiro problema hoje. Porque, na verdade pra ser bem sincera, o meu problema é um monte de coisa.  Então, eu sei olhar pra esse cenário de caos que estamos vivendo dentro da educação pública no estado de São Paulo e pensar: isso aqui é o caos. E é o caos porque não é só um problema de educação ou

O que é a identidade que se destrói e se recompõe?

Há muito tempo atrás, no meio de um monte de dor amontoada e do término de uma relação de enorme importância me peguei no turbilhão duma mudança de casa, de cidade de ritmo de vida. Naquele momento encarei a mudança como uma possibilidade de começar a vida de novo – por assim dizer. Pensava que deixaria tudo para trás, encarando isso como uma dádiva do presente porque afinal de contas se era para acabar que acabasse tudo mesmo. Na época, não me ocorreu muito o que isso iria querer dizer, mas como essas coisas de coração mesmo, o término doeu e me fez escrever uma reflexão, exatamente aqui, destroçada e – viria a saber um pouco depois – ofensiva que me custou algumas coisas, supostamente. Esses dias essa fuga doeu. Vi uma amiga ter um filho, outra casar e engravidar, vi festas e comemorações e viagens e um amigo se afastar, talvez também pelas causalidades da vida. Pensei que a distância física pudesse explicar a perda desses vínculos afetivos todos, mas ponderei que não era só is

Afinal, o que tem a ver o Brasil com a Finlândia em matéria de educação?

Ultimamente tenho visto muitas pessoas compartilharem críticas ao sistema educacional brasileiro respaldadas em comparações com países europeus como a Finlândia, que de fato é um país que se tornou, principalmente com muita publicidade, referência no tema da educação com o seu sistema “inovador”. Pensando nessas críticas resolvi ler algumas matérias sobre a menina dos olhos finlandesa, isto é, como funciona a educação por lá. A ideia era ler artigos de pesquisa, mas o tempo é muito escasso. Assim, organizei aqui principais pontos para trazer ao debate, com as referências bibliográficas ao final para quem quiser dar uma olhada. Então vamos lá. A primeira coisa importante é nos lembrar que existe alguém (pessoa ou instituição ou ambos) que produz a narrativa da “melhor educação do mundo”. Os critérios que classificam, em qualquer situação, são construídos a partir de algum(ns) referencial. Sendo assim, quando se fala sobre a melhor educação do mundo ser a da Finlândia, o referencial

Encontre amor revolucionário em um mundo de profunda alienação

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Por: Helin Dirik em 02/06/2018 Tradução: Eu  Texto original em inglês: http://theregion.org/article/13568-finding-revolutionary-love-world-of-profound-alienation Amor. Quantos poemas foram escritos, quantas peças de arte foram criadas, quanta tinta foi gasta sobre o amor? É por uma razão que a humanidade desde sempre tenta descobrir os segredos e mágicas por trás do amor. Ao mesmo tempo, o sentido e a substância do amor de alguma forma permanece um mistério. Hoje, chegamos a muitas definições diferentes de amor. Algumas vezes se diz que o amor pode salvar todos nós, outras nos dizem que o amor é cego. Algumas vezes o amor machuca, outras ele significa cura. Mas que tipo de amor nós estamos falando e sobre quais condições o amor é verdadeiro e livre? Quando falamos e pensamos sobre o amor, precisamos considerar as condições sociais e políticas de nosso tempo. Numa sociedade moldada pelo capitalismo, egoísmo, sexismo e (auto)alienação, o significado e a substância do amor to