Postagens

Mostrando postagens de 2015

"Fica bem", "Se cuida" e "tenha uma boa vida" e o significa real do "não se envolver".

Imagem
(Eu não deveria estar escrevendo isso. E esse deveria ser o meu mantra sobre esses assuntos: Eu não deveria gastar tanto tempo e energia com essas questões. Mas eu sou teimosa).  Há um tempo atrás eu me deparei com uma dessas frases num "término" pelo facebook. Ouvir uma frase dessas me doeu bastante por diversos motivos: pegou no orgulho, no fim de um rolê para o qual eu não estava preparada, no aparência de que para aquele Outro a quem eu tinha me doado tanto era assim tão fácil me descartar da sua vida. Fiquei pensando como seria quando assim, de repente, aquela pessoa não tivesse mais nenhuma notícia minha, nenhum contato meu - a gente realmente sumisse um do outro. Ou um da vida do outro."Se cuida" é uma frase, em geral, muito qualquer coisa: Pode ter um milhões de significações atribuídas tanto por quem fala quanto por quem ouve, e pode não significar absolutamente nada. Esvaziada, em geral, de qualquer intenção sentimental, me fez questionar, primeir

Sobre relacionamentos abusivos e amor como dominação

Então tá. Que a gente vai aprendendo que muitas vezes é nas sutilezas que o machismo prolifera, isso todo mundo já sabe. Parece que o fato de ser nos mínimos detalhes torna muito mais fácil que a gente se deixe levar e dominar, enquanto ele vai deslizando e tomando conta, silenciosamente, das mais profundas entranhas: domina sua subjetividade e torna a relação, muitas vezes uma forma de prisão – muitas vezes sem grades. Um lugar do qual você não pode sair, uma força que te arrasta, te puxa pra baixo. Muito difícil definir se aquele relacionamento é abusivo ou não. A todo momento em que eu narrava minha histórias, os fatos e o que eu sentia, eu internamente me questionava se estava exagerando, se por um caso aquilo não era algo da minha cabeça ou se, em alguma medida, eu mesma não tinha me causado aquela situação. O processo de desconstrução é tão lento – a gente só vai conseguindo atribuir sentidos às experiências na medida em que, além de tê-las vivido, tomamos o distanciamento e n

Por que escrevo?

Imagem
Escrevo porque busco nas palavras, incessantemente, escrever também meu significado. Procuro uma forma de, letra após letra, preencher um vazio, encontrar uma tradução para algum sentimento impossível de saber. Consigo defini-lo apenas pelo que ele não é – e talvez consiga chegar às suas margens, mas não consigo ultrapassar. Não consigo arrancar esse sentimento de dentro, tentar um reconhecimento do que ele é e, enfim, como derrotá-lo. É uma não possibilidade de felicidade – é a sombra de um fim eminente, de um fim que vai chegar – e que pode, inclusive, chegar a qualquer momento. É um buraco no estômago. Uma bolha de ar gelado ou concreto que transita pelo peito as vezes, exatamente no meio. Uma mão que da um nó nesse peito, que impede por alguns segundos que a gente respire. Procuro pelos livros por alguma resposta, algo que coloque nos trilhos de novo uma vida que contemple amor(es), sexo, ter prazer em escrever um trabalho – sentir felicidade em ir trabalhar, voltar a ver aquelas

Por que a solidão precisa ser ressignificada?

Imagem
Um dia, numa mesa de bar e entre algumas cervejas me disseram o seguinte: “J., eu tenho medo que você fique sozinha. Você não constrói relações afetivas duradouras, expulsa a maioria das pessoas da sua vida e se fecha num casulo só seu. Não pode fazer isso”. E eu venho pensando incessantemente sobre isso desde então. Eu gosto de ficar sozinha. Eu sempre gostei de ficar sozinha, eu sempre gostei muito das pessoas, dos caras, até não gostar mais e isso ser transformar em algo indiferente pra mim, eu sempre tive poucos amigos que me pareciam suficientes. Quando eu era mais nova isso não me parecia um problema – até quando eu comecei a crescer e isso passou a ser sinal de fracasso, principalmente social. Acredito que é possível ser feliz sozinha/o. E, de repente, em algum momento de passagem pra vida adulta essa convicção se transformou primeiro numa dúvida e, logo, numa nova visão de que isso seria impossível, porque a solidão é sinônimo de fracasso e infelicidade para as pessoas. O

Relatos de Mochila 2: alguns detalhes

Bem, demorados alguns meses (atrasados) um relato um pouco mais específico sobre minha viagem de Janeiro para Argentina/Bolívia. Essa foi minha segunda vez em Buenos Aires, dessa vez fui com o André. Ficamos hospedados num hotel que encontramos no booking chamado Bet Hotel, que fica na rua Saavedra, nº 526. Bom, não era um hotel ruim, apesar de ser muito mais parecido com um Hostel. Pegamos um quarto individual com banheiro, mas havia opções de banheiro compartilhado. O bom é que o pessoa que trampava lá era bem atencioso. Fomos de ônibus do aeroporto até lá – duas horas de viagem com um ônibus circular normal, maior role – mas pelo menos gastamos pouco. O hotel ficava meio mal localizado, para ser sincera, então acho que compensa procurar hotéis e hostels em regiões mais centrais. Como as reservas do booking eram para ser pagas antes, não tinha como trocar sem sair no prejuízo. No dia em que chegamos, como ficou tarde, acabamos apenas saindo para jantar. Fomos numa pizzaria m

É preciso suportar o próprio peso e aprender a se libertar

Imagem
Nunca fui boa de iniciar textos. Normalmente eles começam a fluir lá pelo terceiro parágrafo, e acabam ficando desconexos. Acho que são as ideias, elas parecem raios voando indo e voltando, desaparecendo, aparecendo todas ao mesmo tempo. Bom, outra coisa que eu também nunca fui muito boa é lidar com meus problemas. Há um tempo atrás eu pensei ter encontrado a melhor forma de lidar com eles: negação. Substituição. Entrega. Tipo essas três palavrinhas combinadas. Eu me apaixonei por uma pessoa que eu mal conhecia. Me apaixonei perdidamente. Minha cabeça se ocupava 90% do tempo em pensar sobre isso – eu respirava esse sentimento, eu me agonizava e sofria cada interpretação errada, cada grosseriazinha, cada dissabor. Eu precisava daquele sentimento, daquela pessoa. Só ela fazia sentido, eu projetava, eu me dedicava basicamente aquele sentimento. Meus outros problemas pareciam de certa forma muito menores, porque eu tinha aquele “amor”. Mas e eu, eu realmente estava feliz? Não digo

sobre amores eventuais e mentirinhas chatas

Todas as minhas reflexões partem sempre de experiências concretas minhas, principalmente no que tange às desventuras do amor. Por isso, eu falo sempre de um lugar bastante específico: eu. Acho que pra mim isso serve para aliviar um pouco as eventuais dores e decepções que eu sofro, além de ser uma possibilidade de tentar entender esse mundo tão, tão, tão complexo... Eu tenho um relacionamento aberto e eu continuo achando que essa é uma das melhores formas de se relacionar amorosamente – apesar dos IMENSOS apesares: um relacionamento aberto envolve um milhão de problemas tanto com meu companheiro quanto com os eventuais parceiros que eu possa vir a ter. Como eu sou uma pessoa bastante tímida confesso que aplicativos como o “tinder” me ajudam a driblar os problemas da paquera/chaveco e muitas vezes me ajudam a chegar nos finalmentes com uma pessoa – fora que eu realmente acredito no potencial dele (em gerar encontros, aproximar pessoas e etc). Não que eu me restrinja só a ele, claro,

Sobre corações partidos

Imagem
Términos são um saco. Finais de relacionamentos são como minis ataques cardíacos que sofremos durante toda nossa vida. Não importa muito a idade que temos, se apaixonar e sentir as dores de um término serão sempre intensos, enlouquecedores e dolorosos. Aliás, não importa também como termine, embora talvez as intensidades variem, a verdade é que mesmo quando você não gosta mais da pessoa - aquele espaço, aquele vazio temporário que fica com a ausência dela pode ser absolutamente doído... Então, em algum ponto de uma paixão e por algum motivo que eu desconheço, apesar de ter tentado pensar sobre isso inúmeras vezes, eu simplesmente deixei de gostar dele. Tão rápido como o sentimento surgiu ele simplesmente desapareceu. Parecia, inclusive, que o oposto começava a se desenhar, cheio de impaciência, desgosto e indiferença. Ao contrário do que sempre dependo em palavras, não consegui ser sincera sobre isso - mas atos transparecem e ele percebeu. Quando finalmente nos encontramos ele foi

Quando eu descobri que não se tratava de amor. E muito menos de respeito.

Não é preciso conversar com muitas minas (heteros) para flagrar que os homens tem, num geral, o "modus operandi" bastante parecido. Claro, do topo da raiva e do desgosto que eu estou sentindo, eu conseguiria falar que isso, além de tudo, é bastante patético, porque comprova que nem a criatividade é algo presente no cérebro dos machos. Mas, a verdade é que a receita costuma funcionar, e convenhamos que quando uma receita funciona não faz sentido nenhum trocá-la. É, bom. Algumas mulheres como eu - e eu me incluo nesse bolo sem um pingo de orgulho, mas preciso me reconhecer nesse bolo como primeiro passo para tentar mudar - algumas mulheres são ingênuas. Nós, mulheres ingênuas, somos ridiculamente programadas e ensinadas a acreditar no que um cara tem a nos dizer. Nós acreditamos na possibilidade de amar alguém apesar de qualquer coisa - e acreditamos que esse amor pode ser construído com respeito, admiração, companheirismo e sinceridade. E ai nós esquecemos que as coisas não