Postagens

Mostrando postagens de 2012

#carta número 3

Minha querida, Tudo mudou e nada mudou. Sabe quando a gente fica assim com aquele sentimento de incompleto? Quando a gente espera assim, algumas respostas, alguns resultados e não sabe o que esperar? Esse calendário tá bagunçando tudo, meu bem. Há muito tempo eu não ficava assim, perdida no tempo, traçando planos irreconhecíveis e me enchendo de objetos de proteção, pro próximo ano que com certeza vai ser paulera. Bom, é que eu nunca acreditei também nessas coisas, mas sabe como é, a gente precisa se agarrar em alguma coisa pra viver porque se não fica feio... Cê sabe, tento buscar uma maneira de lutar, mas parece que nem isso tem sido suficiente... bom. Queria te contar que tirando isso - que infelizmente é tudo - não tenho nada pra contar. Nada é suficiente pra você. Nada deixa a gente com essa perspectiva de qualquer coisa, uma infinitude de coisas. Bom, tenho apostado minha ficha em todas as coisas que estão longe de serem certas, são só erradas, mas você me conhece bem o suficie

de desistir.

Você tem uma caixa. Uma caixa tamanho médio, resistente. Uma caixa que serve para colocar todos aqueles probleminhas, aquelas indigestões, aqueles contratempos... Um, por um. No começo, organizados. Com o tempo eles vão se ajeitando sozinhos lá dentro. E eles se solidificam, com o tempo. Porque, com o tempo, todo mundo sempre diz - é o melhor conselho - com o tempo as coisas passam. As dores, as perdas, os amores e nós, mas o essencial, esses incômodos(zinhos) passam. Mas se solidificam, porque incomodos(zinhos) se tem essa mania de não ir atrás de resolvê-los, mas guardá-los na caixa. E, como se solidificam, ocupam espaço permanentemente na caixa e, com o o tempo, também, surgem novos problemas para se colocar na caixa e, um a um, se juntam, se amontoam. E você percebe que a caixa está cheia, entupida - prestes a transbordar. E você tenta inutilmente fechá-la, senta em cima, passa fita, empacota... Mas ela pode explodir. E você resolve pegar, esses problemas, olhar pra eles e resolvê

sobre tanta dor

Imagem
A gente pensa que é sempre fácil, sentimos dor. Até decidirmos não sentir mais. Conheço, de conhecer, poucas pessoas, mas o suficiente para entender que a maneira como cada um lida com a sua dor é, em certos aspectos, única.  Sempre fui um elo fraco. Um componente exausto. Uma desistidora em potencial. Não sei lidar com a dor, e quando penso nisso até bate aquele desespero de perceber que existem dores muito, muito, muito maiores que eu poderia ter que enfrentar... E que não saberia como. Então, eu resolvi tentar, e decidi que, dali pra frente, aquele tanto de dorzinhas acumuladas ficariam para trás. E que eu estava curada, o tempo seria decisivo, eu entendia, mas eu tinha o suposto controle sobre mim e isso significa que eu era responsável por sofrer com aquela dor. Infelizmente (ou felizmente) a gente descobre que não existe valvulinha. A realidade muitas vezes faz papel principal nessa decisão. Com os pés pra fora de casa e com a cara de volta pro mundo, a gente percebe que a
Imagem
Encontrei uma maneira de tentar me manter em pé, doidera. Preciso sentir isso o tempo todo que eu puder porque eu não quero sentir absolutamente mais nada. Porque ai, parava um segundo e ...  Então vinha aquela sensação de vai-volta-vai. E o medo, o medo, o medo, o medo. E o eterno não ter certeza. O medo de ser perguntada do que é esse medo. O medo do medo ser sobre algo pequeno. O medo de não conseguir escrever mais, a única maneira de conseguir explicar esses sentimentos e, mesmo assim, já nao mais capaz. Uma certeza: Quando a gente já é assim, com essa pele sensível, essa membrana e nada mais e quando a gente aprende a ver as coisas, a perceber os detalhes, quando a gente entende como o mundo funciona e descobre que a felicidade é tão, tão, tão sutil, que a felicidade que existe hoje, para ser alcançada é tão hipócrita e amarga e descobre que é preciso encontrar a felicidade real que é a luta, a luta contra a mentira onde a gente existe... Quando isso acontece(r) é pra ser tão ma

profundo

Imagem
Fica aquela vozinha, no fundo, gritando pra gente desesperadamente pra que a gente possa ouvir "anda, levanta... anda, tudo vai ficar bem". Eu minto pra mim mesma, eu estou tentando. E eu mesma digo que isso é mentira, eu não sou boa o suficiente para tentar. Estava deitada atrás da porta, olhando embaixo pela fresta, pensando num futuro que nem é meu. É tão longe, tão imperceptível. Vi algumas sombras, vivo tendo medo das sombras. Não consegui sentir o gosto do que é liberdade - essas amarras que eu mesma fiz, de passado, ficaram muito apertadas... o ser humano tem uma capacidade incrível de se afundar sozinho - e eu pude perceber isso, e pude entender como isso acontece: parece que, quanto mais fundo você vai e você se vira e olha para trás e as coisas vão ficando pequenas, tão pequenas, pequenas, pequenas e você não consegue enxergar. Não enxerga as paredes ao seu redor, não enxerga as escadas que aparecem, as cordas, as camas-elásticas e, o mais amargo de tudo, não en
Imagem
Eu sinto uma dor. Uma incontrolável e longa dor. Um despropósito gigante que é viver. Uma angústia dentro, um poder corrosivo. Acho que venho perdendo a vontade. A perda vem se acumulando e as experiências não valem a pena. Mesmo os sorrisos parecem tão pequenos e incapazes de lutar contra isso. Não são armas, porque não vejo possibilidade. Devo ter sido derrotada e estive tentando me enganar... Qual o próximo passo, agora?

carta

"Querida Aurélia, Tem feito um frio anormal por aqui. Confundo muito se pensar é bom ou ruim pra isso que eu to sentindo, acho que é uma grande dúvida. Talvez, mas só talvez, eu esteja perdendo alguns sentimentos mais quentes. É verdade, Aurélia, que hoje, enquanto eu te escrevo, eu me sinto mais leve e mais dona da minha felicidade, porque tenho encontrado na escrita uma maneira de tentar dizer o que eu sinto. Mas ao mesmo tempo a sensação de vazio é tão grande que eu fico pensando se posso abarrotá-la de coisas outra vez... A questão é que eu nem sei como começar e também não tenho vontade de procurar. Enquanto chove, enquanto o ar esfria e enquanto eu penso em alguma solução maciça, minha alma tenta desesperadamente buscar uma lembrança. E ela nem é real. Perdoe-me por isso minha amiga, por esse tom. As coisas ficaram ruins, fugiram das minhas mãos. Fazia tempo, pra ser sincera, mas eu vinha empurrando pra baixo do tapete, tentando esconder aquilo que, por medo, eu não consegu

(literatura de desabafo)

Imagem
Vim buscar uma forma de desabar pela escrita. Isso sempre funcionou, até hoje. Até que eu não consegui escrever, e ficou saindo um monte de baboseira. Eu apagava. Saia de novo, eu apagava. Quando uma coisa quebra uma vez ela nunca mais volta a ser mesma... Acontece o tempo todo, liquidificadores, maquinas de lavar, corações, almas... Todo esse tempo estive estilhaçada sem querer perceber. Dei cinquenta mil voltas com fita adesiva, achando que depois de um tempo isso entraria em mim e tudo ficaria bem. Normalmente o caminho mais fácil é negar. Negar o quão profundo alguém te machucou – e achar que aceitar um pedido de desculpas é suficiente pra te curar. A verdade é que a única coisa que eu consigo pensar é quão fracassada eu sou. Quanta dor toda essa situação me causou. E quanto ainda tem corrido dentro de mim, como um veneno que insiste em não querer sair, cristalizado no coração, na mente... perturbando. Meu único momento de calmaria é quando estou dormindo. É quando posso ter um d

cravado

Imagem
Tem uma coisa que sempre fica, uma coisa que incomoda. Parece um espinho, uma farpa bem encravada na pele, que se estilhaçou pra gente achar que cada pedaço minúsculo dela que conseguimos tirar é realmente ela inteira. Claro que cada um tem sua ideologia, tem suas crenças, tem seus motivos, tem sua fé. Claro que cada vida é uma vida inteira pra se buscar isso. E eu aqui, farpa por farpa, tentando buscar uma fé. Fé. Deve ser isso, deve ser encantamento, magia. Ninguém falou que era fácil, porque se você se atentar à vida - aos detalhes, que é o que deixa as coisas bonitas - vai perceber que são eles também que deixam a vida insuportavelmente sofrida. Cada coisa com uma coisa por detrás, cada motivo com uma razão, cada razão parte de uma engrenagem que massacra, todos os dias, massacra a gente. E, viver amortecido pode não ser tão ruim... Viver é bom. Não ousaria dizer o contrário, porque tenho um amor à vida acima de mim mesmo - o que inclusive não me permite desistir das coisas, não
Imagem
30 horas sem dormir. Fiz o que pude, mas de repente não foi mais possível resistir. E embora fosse apenas uma luta qualquer, no fim percebi que tinha mais do que simplesmente ficar acordada... Enquanto estivesse estaria livre de todos os pesadelos, ou não precisaria pensar neles. Se dormisse, teria que enfrentá-los todos de uma vez. Se dormisse não seria capaz disso e ficaria desprotegida... Não era o momento pra isso, não podia me expor assim, mas foi preciso. Acho que o que fica disso é que a vida é frágil, os sentimentos também. Eu deveria saber que não era um bom momento pra isso, eu deveria ter certeza. Talvez não fosse nunca, mas aquilo era o procedimento necessário, extrair o espinho, fazer parar a dor... Mas deixar sangrar. Hoje não consegui acordar e quando levantei percebi que não poderia me levantar realmente, que não tinha vontade para fazer nada, que precisava ficar aqui, simplesmente aqui. Que eu não queria ninguém, não quero ninguém, não quero mais esperar nada de ningué

04 de março de 2012

"Oi. Sei que demorei muito. Sei que deveria ter escrito antes, poderia também dizer que o carteiro resolveu não entregar minha carta. Bem, seria muito conveniente... Sabe, queria saber ser direta, ir direto ao ponto. Mas sem machucar, sem ser grossa. A essa altura da vida - e sei que não é tão alto assim - descobri que saber falar com as pessoas claramente é um dom de poucas pessoas. Isso porque pra ser claro é preciso ter claro também o sentimento, acho que eu não tenho. Acho que eu nunca vou ter. Você queria uma resposta, eu sei. Não é só questão de querer, né? Ficamos esperando essa resposta por muito tempo, meio que adiando, meio que inventando desculpas pra não aparecer, esperando passar... O que a gente fez com tanto sentimento? Não. Não vou falar do que passou. Mas vou falar que olhar pra trás é muito, muito doloroso. Você faz idéia do quanto, eu sei que faz. Não arrumamos tapas-buraco pra nossa situação. Tudo que conseguimos foi meia dúzia de distrações desonestas, sem pro

Carta de uma súplica

Por favor, não apareça. A gente sabe quem mais perde nessa história, e a gente sabe porque. A culpa não é sua". Você só precisa não fingir que se importa, porque você não se importa. Então, fica tudo mais fácil, a gente simplesmente vai seguindo a vida e nossos caminhos não precisam se cruzar. Por favor, talvez o mais sensato a fazer seja fingir que não me conhece... Eu estou aqui por tanto tempo e cuidei tanto para que esse amor não voltasse a nascer. Eu me dediquei, me curei da dor enorme que era sentir o que eu sentia por você sem você sentir absolutamente nada por mim. E eu não digo nada como um "qualquer coisinha". Era nada, sempre foi nada. Construí tão bem os argumentos, planejei tanto... O tempo todo implorando para que você não aparecesse. Veja bem, eu não sabia quão forte era a minha "armadura", mas confesso que dei de mim o máximo e além dele para me certificar. E por um minuto... Por um minuto eu achei que eu estivesse a salvo. "Acabou o amor,
Imagem
"onde foi palavra (potros ou touros Contidos) resta a severa forma do vazio.”.

O limite do "aceitável"

Ouvi uma história de uma amiga que me deixou muito, muito, muito p* da vida. Sabe, é isso mesmo. Pra gente, que vive fazendo coisas que não achamos certas mas que estão ali, na linha do aceitável, parece que não terá mais jeito de "cair". Mas tem, e tem muito. E é preciso saber reconhecer qual é o limite desse nosso aceitável. Relações afetivas não aprofundadas, "relações liberais", sexo casual de uma noite, enfim, acho tudo isso muito progressivo, muito revolucionário. É verdade, é preciso ter um completo domínio de si mesmo, auto-controle, paciência... Mas eu acho um máximo, admiro, respeito e, quando não, tento praticar também. O problema, pra mim, é que as pessoas confundem sexo casual, por exemplo, com falta de respeito. E não, meu amigo, não é porque isso é um sexozinho "de boa" que você pode ser escroto. Ou escrota. Eu sempre vi um beijo, um abraço e uma relação sexual como um algo a mais entre duas pessoas (ok, três, quatro, enfim...). Não to falan