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Mostrando postagens de 2017

Eu e a depressão

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"O mais doloroso sobre isso é não conseguir falar sobre isso".  A primeira vez que senti algum tipo de tristeza imensa no peito, que chorei de soluçar por longos minutos sem conseguir parar e que senti que o ar não conseguia preencher meu pulmão todo foi há 4 anos atrás. Naquela época, em meio às manifestações do passe livre e à militância frenética eu não consegui entender o que existia dentro de mim e depois de uma tentativa de cura superficial, no final do ano e me sentindo "renovada", toquei o barco. Desde lá, senti em diversos momentos da minha vida essa dor e tristeza no peito, a falta do ar, o sentimento de vazio, que em alguns momentos vinha mais forte e durava mais tempo e em outros desaparecia, quase como um milagre. Somado a isso, sempre fui relutante em tomar medicamentos e em depender diretamente da indústria farmacêutica. Não queria condicionar a minha felicidade em existir no mundo ao uso de medicamentos, principalmente medicamentos contro

Você está pronto para considerar que o capitalismo é o verdadeiro problema?

Antes de dizer não, pare um momento para pensar se esse é o sistema mais adequado para construir o futuro da nossa sociedade. Autores: JASON HICKEL AND MARTIN KIRK*. Em fevereiro, um estudante da faculdade, Trevor Hill, levantou-se durante uma reunião televisionada do município em Nova York e propôs uma pergunta simples a Nancy Pelosi, líder dos democratas na Câmara dos Deputados. Ele citou um estudo da Harvard University, que mostra que 51% dos americanos entre 18 e 29 anos não mais apoiam o sistema capitalista e perguntou se os democratas poderiam adotar essa realidade em rápida mudança e estabelecer um contraste mais claro com a economia de direita. Pelosi ficou visivelmente surpresa. "Agradeço sua pergunta", disse ela, "mas lamento dizer que somos capitalistas, e é assim que as coisas são". A filmagem viralizou. Foi poderoso por causa do contraste claro que se configurou. Trevor Hill não é um extrema-esquerda endurecido. Ele é apenas a sua média

Sociologia do amor: a quase-simetria possível na sinceridade

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Eu sou uma pessoa ansiosa, isso é um fato. Pessoas ansiosas também tendem a pensar demais sobre as coisas, prevendo infinitas possibilidades de como vai ser o futuro, sofrendo por antecipação. Vivem no dia seguinte, o que as prejudica nos seus afazeres cotidianos. Pessoas ansiosas sofrem com a expectativa de algo que vai acontecer. Torcem pela aceleração o tempo, o que prejudica o seu viver. Afinal, bem clichê mas bem verdade, o tempo é o tecido da vida. Essa ansiedade me prejudica em todos os âmbitos da minha vida, mas em um deles, no amor,  ela tem me atrapalhado além do aceitável. Afinal de contas, ninguém ama pra ficar sofrendo.  Como qualquer mulher nesse mundo, coleciono histórias de opressão em relacionamentos que tive com homens. Confiante num projeto alternativo possível de sociedade, me reivindico feminista, o que ao contrário de "resolver meus problemas", me abre a perspectiva para um leque de possibilidades de opressão a que me submeto sempre que me relacion

Um feminismo didático - sobre a parte de educar homens feministas

Um dos maiores dilemas em que temos chegado no movimento feminista (e, em certa medida, em outros movimentos identitários contra as opressões) surge daquela sensação de que estamos sendo muito pouco ouvidas por uma camada ampla da sociedade, sem a qual é impossível transformar completamente as estruturas de poder do nosso mundo: os tais dos homens. Por um lado, é notável a vitória que temos no campo político do avanço das pautas de identidade, que giram em torno principalmente da luta pela igualdade: em direitos, em respeito, em dignidade, em oportunidade. O feminismo tem se incorporado aos debates, ganhado espaços (inclusive sendo em parte abocanhado pela mídia e ideologia burguesa, é verdade) e, principalmente, tem se tornado uma realidade presente para as mulheres. Essas tem percebido com mais consciência as opressões que sofrem, a forma como são vítimas na sociedade machista, e ao mesmo tempo teme se levantado para reclamar um lugar de igualdade e um tratamento digno e respeit

Tentando um feminismo didático

A história do movimento feminista é antiga, e surge a principio como algo singelo, um burburinho contestador que não conseguia entender porque algumas coisas funcionavam como funcionavam. Assim, estamos nos debruçando mais especificamente no movimento feminista ocidental, com o qual tivemos mais contato até os dias de hoje – algo que vem se modificando com os estudos pós coloniais em grande medida. O primeiro documento que marcou de forma importante a história do feminismo, igualando juridicamente homens e mulheres foi a “Declaração dos Direitos da Mulher” publicado em meio à Revolução Francesa feita como resposta à Declaração dos direitos do Homem, mas infelizmente refutada e não utilizada. Em 1827, na Europa, as mulheres conquistam o direito à educação. Ao longo da história as mulheres lutaram muito para conseguirem garantir esse direito e, durante o século XX, essa luta foi rendendo frutos às mulheres.). Em 1878 se inicia um forte movimento pelo direito ao voto feminino e em 18