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Mostrando postagens de dezembro, 2009

abismo

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Tinha que tentar ser direta. Nem tanto. Um pouco só, vai. Deliciosamente estamos chegando no fim de mais um ano (meu lado previsível me força a adotar o clichê pra ter assunto). Não que eu não tenha assunto, a minha cabeça tem fervilhado nas últimas três semanas, fervilhado de assuntos, notícias, acontecimentos, problemas, alegrias e etc. Fim de ano é sempre a mesma coisa. É essa semana cheia de dias intermináveis e aquela vontade de que esses oito dias passem muito rápido porque já chega de ano velho. Sem saber que são dias, de qualquer forma, mesmo que façam parte de um ano que já está desgastado, e que sendo dias, as coisas ainda podem acontecer. E eles, no fundo, estão voando. O sabor que as coisas antigas tem, pra mim, é sempre um sabor de coisas que podem ser colocadas de lado por um momento, porque na nossa frente existe a idéia de possuir algo que seja completamente novo. Tem cheiro, cor, textura e sabor de coisa nova. E é, sempre com grande entusiasmo, que a gente se agarra a

Cem anos de solidão.

“-Se você não tivesse vindo –ele disse – não teria me visto nunca mais. Meme sentiu o peso da sua mão no joelho e soube que ambos chegavam naquele instante ao outro lado do desamparo. -O que me choca em você – sorriu – é que sempre diz exatamente o que não devia dizer. Ficou louca por ele. Perdeu o sono e o apetite e se afundou tão profundamente na solidão que até o pai se transformou num estorvo para ela. (...) No principio incomodava-a a sua rudeza. Na primeira vez que se viram a sós, nos prados desertos atrás da oficina mecânica, ele a arrastou sem misericórdia a um estado animal que a deixou extenuada. Demorou algum tempo para se dar conta de que também aquela era uma forma de ternura e foi então que perdeu o sossego e não vivia senão para ele, transtornada pela ansiedade de se fundir no seu entorpecedor bafo de óleo esfregado com água sanitária.”

não tem mais fim.

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“(...) Mais do que isso não poderia dizer, porque não havia nada mais a exprimir. Amores fanados não reverdecem, quando a vida caprichou em esmagá-los bem. Se alguma coisa tivesse ficado exposta à luz, se um gesto dele, mínimo que fosse, ao longo de tanto tempo, alimentasse um resto possível de sentimento, ela agora teria pena. Mas pena de quê? De quem? Se nem de si mesmo sentia mais pena, conformada que estava com o irremediável das coisas, e refugiada, também, no pequeno mundo que se construíra e em que convivia com artistas obscuros do passado, através de estudos e pesquisas que eram uma fonte de prazer, compensador de alegrias (...)”. (Carlos Drummond de Andrade – A viúva). Carlos me explica TANTO nesse trecho :)

você e sua grosseria

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Então, é isso. Sinto que tudo se resume a você, quase como se eu dependesse sempre da sua aprovação. Não é quase, no fundo eu sei que um elogio seu vai ser sempre a melhor coisa pra ouvir no mundo. É muito mais que quase, é a certeza de ter certeza que não tem como funcionar sem seu consentimento, mesmo que assim tão vazio. Eu digo com toda a certeza do mundo que eu queria tanto você aqui, como eu queria a sua paz, seu cheiro, seu defeito e seu nariz feio. E queria fazer você rir, te esquentar no meu abraço. Eu queria que fosse recíproco, pra terminar. Não importa quão demorado fosse, é, era... Importa que tem certas coisas que a gente não escolhe e eu definitivamente não escolhi você. Mas você é meu segredo mais imbecil e grosseiro e eu preciso de você pra você saber que eu estou aqui, assim como eu preciso de você pra me manter com esses espasmos de felicidade que, por mais raros que sejam, são suficientes para me lembrar como você é lindo!

saudade é ser depois ter.

Me peguei hoje dentro de uma saudade sufocante. Acima de tudo poder olhar para as fotos e falar "nossa, eu realmente estava lá...", e faz TANTO tempo. Bariloche foi pra mim a primeira grande viagem da minha vida. Tudo aquilo de contagem regressiva, de não contar pra ninguém pra não dar azar e principalmente de sentir o maior frio na barriga um dia antes da data de ida. CARAMBA, só os preparatórios já foram bons demais! Mesmo depois de já estar dentro de um ônibus, mesmo depois de estar no aeroporto, de enfrentar todas as burocracias do mundo pra poder decolar, e mesmo depois de estar sentada dentro de um avião simplesmente morrendo de medo, era difícil acreditar que a coisa estava realmente acontecendo. Nunca tinha falado sobre essa viagem, a idéia de compartilhar essas emoções com alguém me fazia pensar que ai as lembranças seriam menos minhas e, portanto, menos reais. Mas hei que me vejo aqui morrendo de vontade de sair contando todos os pormenores e "pormaiores".
Recebi uma ligação hoje de uma amiga dizendo que ficou com o cara que ela é apaixonada e que terminou com ela, porque não tinha motivos. Eu nunca sei o que falar. Uma ligação dessas seria bem melhor se a pessoa estivesse no mínimo feliz com o que aconteceu, mas ela não estava. Pensei em 30493023059 coisas para dizer pra ele e só consegui falar "é, eu imaginei....Ah, é foda". Que merda de amiga eu sou, haha. Acho que tinha que existir um manual de como se comportar nessas horas, o que exatamente falar pra pessoa, o que não falar... No fim a gente pensa em tanta coisa, tem tanta coisa pra falar, que acaba não saindo nada de útil. Acho que é porque ninguém consegue consolar ninguém, pelo menos comigo é assim. Por mais bonitas que as palavras sejam, por mais tocante que o discurso seja, nunca é o suficiente pra acabar com toda a dor que você sente. Deve ser por isso que eu nunca falo nada, porque é até um pouco irritante ouvir coisas que não vão servir absolutamente pra nada... E