Cem anos de solidão.

“-Se você não tivesse vindo –ele disse – não teria me visto nunca mais.
Meme sentiu o peso da sua mão no joelho e soube que ambos chegavam naquele instante ao outro lado do desamparo.
-O que me choca em você – sorriu – é que sempre diz exatamente o que não devia dizer.
Ficou louca por ele. Perdeu o sono e o apetite e se afundou tão profundamente na solidão que até o pai se transformou num estorvo para ela. (...) No principio incomodava-a a sua rudeza. Na primeira vez que se viram a sós, nos prados desertos atrás da oficina mecânica, ele a arrastou sem misericórdia a um estado animal que a deixou extenuada. Demorou algum tempo para se dar conta de que também aquela era uma forma de ternura e foi então que perdeu o sossego e não vivia senão para ele, transtornada pela ansiedade de se fundir no seu entorpecedor bafo de óleo esfregado com água sanitária.”

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