A arte de (se) mudar
Há um relato-desabafo que precisa ser feito, e eu não podia enrolar mais para fazê-lo, ou ele perdia sua atualidade.
Há um tempo atrás, na antiga casa em que eu morava, eu e meus pais descobrimos que pagávamos um aluguel exorbitante e que eu deveria me mudar. No primeiro momento dessa descoberta estávamos "desesperados" mas logo que esse primeiro desespero passou, percebemos que era possível ficar lá até encontrar uma casa boa para morar - e que entre outras coisas, compensasse também.
Quando avisei os outros moradores, comentei da seguinte forma: Vou precisar me mudar, acontece que pode ser "amanhã" ou pode ser no "final do semestre". Uma das meninas saiu da casa, um dos meninos foi pro quarto dela e seu quarto ficou vago. Um dos meninos que tinha um quarto "inferior" queria mudar de quarto, mas ele preferia o meu. Aceitamos um novo morador na casa, baseados no fato de que eu iria sair e portanto o menino pegaria meu quarto quando eu saísse e que para além disso, quando eu saísse eu não precisaria me preocupar em colocar ninguém no meu lugar, porque eles conheciam vários interessados.
Eis que eu não consegui encontrar uma casa legal, barata, enfim... não estruturalmente como aquela. E fui me arrastando meses adentro naquele lugar.
Chegou um momento em que havia no ar aquela dúvida do tipo "ué, quando essa menina vai sair?" eu, perspicaz, notei a dúvida, mandei um email de esclarecimento sobre as razões de eu não ter saído ainda, explicando que com o final do semestre chegou a atolação de trabalhos e tal, mas que eu pretendia sair ainda.
Duas semanas depois o menino que queria meu antigo quarto mandou um email, nele dizia que estava descontente com a situação porque ele acabou ficando com o quarto dele, e que eu havia feito um acordo que parecia que não ia ser cumprido, disse ainda que conversou com algumas pessoas na casa que derão razão a ele e que ele queria chamar uma reunião para discutir isso.
Na reunião era visível que havia uma divisão entre aqueles que o apoiavam e portanto estavam ao lado dele e aqueles que estavam "neutros". A primeira proposta feita foi que ele queria trocar de quarto comigo imediatamente. Eu disse que não, primeiro porque minha mãe não queria (e como, sim, ela que paga meu aluguel, acredito piamente no fato dela ter tanto direito "quanto eu" em fazer escolhas ou me falar a opinião dela) porque também não compensaria financeiramente e muito menos logisticamente, visto que era minha intenção sair de lá por conta do valor alto e que com as férias eu iria procurar um novo lugar pra morar com muito mais empenho.
Bom, a questão de deixar a data da saída em aberto pareceu desde o começo fora de questão. A segunda proposta (depois de alguns estranhamentos e irritações) foi que eu teria dois meses para achar outra casa e que, passado esse prazo, eu deveria trocar de quarto.
Conversando com um dos moradores depois argumentei (realmente fora de hora e lugar) que eu não pagaria mais o fundo de reforma quando deixasse a casa (!!!!)e na hora em que eu disse isso ele se irritou muito. Foi grosso comigo, mandou eu sair da frente dele, disse que nao queria mais falar comigo aquela hora (ele me advertiu de que era melhor porque ela seria extremamente grosso e não queria sê-lo mas eu insisti em tentar resolver as coisas). O clima ruim já estava instalado faz tempo.
Nesse dia resolvi pedir no email para que as pessoas anunciassem minha vaga para Julho/Agosto porque eu ainda não tinha escolhido que casa iria morar.
Na sexta-feira fui conhecer duas casas com meus pais e optei por uma que, no entanto, eu deveria entrar pagando o aluguel: Isso se resumia em muuuito dinheiro para pagar dois aluguéis e mais contas.
Mandei então um email para todo mundo perguntando se teria problema em eles dividirem meu aluguel e eu pagá-los quando eu poderia, um pouco por mês, assim eu conseguiria me mudar. E que minha pretensão era mudar dia 10 de julho, portanto podiam anunciar a vaga para a partir dessa data - de forma que a pessoa que entrasse pagasse o aluguel dia 10 de agosto.
Quanto a dividirem meu aluguel, a maioria pareceu não se opor, mas jogaram para mim a responsabilidade de também achar alguém para colocar no meu lugar, me desejando boa sorte para encontrar alguem em 9 dias e fazendo ressalvas do tipo: Não dava pra encontrar qualquer um, porque a pessoa precisaria ser aprovada pelos moradores da casa e como não estavam mais todos por aqui, isso demoraria um tempo (SENDO QUE na entrada do último morador em nenhum momento eu tive que conhecê-lo quando ele disse que entraria na casa) e bom, comecei a ficar aflita porque de fato eu não imaginava que precisaria lidar com isso. Citei no email que fazia parte do acordo (o qual inclusive eles estavam me fazendo cumprir, que eu nao teria que achar ninguém e que, vejam só, no fim das contas eu estava saindo no final do semestre...) Não quiseram que anunciasse na internet, mas depois cederam... A sorte é que alguns dos meninos se empenharam em anunciar para amigos e a sorte mais ainda é que um deles encontrou um amigo.
Bom, antes disso, porém, o menino com quem eu havia me desentendido uns dias antes mandou uma pergunta no email. Perguntou "Se nenhum morador for encontrado nos próximos dias de quem vai ser a responsabilidade do aluguel?".
Eu respondi que não sabia, porque ainda não havia pensando nisso e porque na real não estava considerando essa possibilidade, ou seja, alguém apareceria e fim.
Um dos meninos respondeu que era contra eles pagarem meu aluguel alegando que eu não era pobre e que assumi a responsabilidade, além de ser grandinha o suficiente para fazer um empréstimo de verdade e pagá-lo. (Ainda bem que essa parte eu consegui resolver).
Quando anunciaram no email que haviam encontrado uma pessoa disposta a entrar e pagar em agosto, tudo o que precisavam, dei o assunto por "encerrado". Me permiti até a ficar feliz e respirar aliviada enquanto meus dias naquela casa iam passar até a chegada do dia 10. O assunto parecia resolvido, até que abri meu email e encontrei uma resposta daquele menino com quem eu havia me desentendido:
Júlia, eh incrível a sua falta de capacidade de responder uma pergunta simples...
A pergunta era, se houvesse problema com datas e valores quem ia assumir...
soh tem duas respostas
1) Você vai negociar com a pessoa que tah vindo pra casa e deixar tudo acertado
2) Foda-se quem vai ficar na casa
E pela sua falta de capacidade, acho que vc daria a resposta numero 2...
Sinceramente achei voce totalmente egoista em suas atitudes... voce fez uma baita duma trapalhada e quis colocar a culpa na casa ao inves de assumir pra voce o problema...
Pela suas atitudes voce quer se esquivar de qualquer problema ou responsabilidade e quer jogar tudo pra casa... sinceramente... senti que vc quis sacanear mesmo... jah que as pessoas que moram aqui acharam justo vc trocar de quarto, voce vai descontar na gente, saindo da casa dia 10 e se n aparecesse alguem ou houvesse problema que a gente se foda...
estou cansado do seu egoismo e imaturidade e vou ficar aliviado dessa situação toda, quando voce finalmente sair da casa porque eu cheguei no meu limite.
acho que vc deve parar de justificar seu egoismo dizendo que eh a opção de sua mãe... já que pelo visto ela soh pensa em você, e não se importa nem um pouco com quarquer um ao seu redor...
o que aconteceu aqui na casa foi uma conversa pra chegar a um consenso JUSTO acima de tudo... acho que 9 pessoas tiveram uma conversa coerente e voce está se colocando num papel de vitima...
achei sua postura em relação ao processo lastimável...
Qual não foi o meu choque quando li esse email, né? Tive um ataque de "pânico". Me senti completamente idiota. O tempo todo passei por um dilema sendo incentivada por uns lados a simplesmente sair da casa e deixá-los na mão, enquanto internamente pensava que não queria agir assim para não dar mancada com eles porque, afinal de contas, haviamos morado juntos e etc. Todo meu sofrimento e minha agonia desde a decisão final da reunião - na qual ficou claro que havia uma pressão e um ultimato para deixar a casa e que, como esse próprio menino tinha dito, um lado sairia feliz e outro triste e eles escolheram o lado deles - enfim, mesmo depois desses momentos já de tensão pós-reunião até todos os dias que se arrastaram, até minha solução, até me jogarem a tarefa de encontrar alguém... Em todo o momento eu JAMAIS fui egoísta. Ingênua, talvez. Confusa, também.
Eu não respondi o email. Não por falta de vontade - principalmente ao lê-lo num primeiro momento escrevi várias coisas, nenhuma "boa" o suficiente para enviar. Deixei assim, nem eu nem ninguém respondeu. O que aconteceu foi que no mesmo momento em que li o email me desesperei, juntei minhas coisas e fiz uma mudança de "ultima hora" levando minhas coisas na casa do vizinho para no dia seguinte me mudar às pressas para a minha casa nova.
Aliás, fui acusada de muitas coisas, nesse email. A primeira delas foi de entender - pessoalmente - que havia sido expulsa quando na verdade só se chegou a um consenso de que eu estava errada e deveria cumprir meu acordo, e eu, egoísta que sou, vi tudo como uma coisa contra mim e quis jogar isso neles! Claro, alguns momentos eu penso que sim, eu deveria de fato fazer exatamente isso, mas não fiz. E ai fui obrigada a ler um email completamente desnecessário como esse, que pretendia, não há outra alternativa, me ofender e e me humilhar.
Talvez minha saída tenha sido a resposta perfeita para eeles, que provavelmente comemoraram falando mal de mim - porque, e isso foi um conselho, não importava o quanto eu tentasse fazer as coisas certas para ambos os lados, eles iriam falar de mim em algum momento - e esse momento chegou antes de terminar as coisas.
Não digo que eu não estou feliz, estou absurdamente feliz por ter saido de lá. Mas emotiva que sou, com certeza isso me marcou profundamente, porque (e eu deveria parar de ser assim, já sei) eu me deixo levar facilmente por coisas ruins, por pessoas escrotas. Porque, sim, não há escrotice maior do que isso. Não há pessoa mais escrota do que a que escreve um email desses quando tudo está já resolvido. Não há pessoa mais absurda que age como se fosse a mais razoável possível e argumenta inclusive que sempre tenta ver os dois lados etc etc etc, um monte de baboseiras que desmoronam quando escreve um email baixo e desnecessário como esse. Isso sem falar em todos os outros problemas que a república teve e que não me envolviam mas o envolviam, os quais não será necessario citar.
Talvez essa tivesse sido uma resposta boa o suficiente para mandar pra ele. Mas percebi que iria me desgastar mais ainda, que ia querer afetá-lo como ele me afetou no inicio mas que provavelmente não conseguiria, porque há podridão ali, há fingimento. E eu realmente nao precisava mais fazer parte disso.
Agora é pagar o aluguel, as contas - PELA ÚLTIMA VEZ - e esquecer que passei um pequeno tempo da minha vida lá.
Alma lavada!
Há um tempo atrás, na antiga casa em que eu morava, eu e meus pais descobrimos que pagávamos um aluguel exorbitante e que eu deveria me mudar. No primeiro momento dessa descoberta estávamos "desesperados" mas logo que esse primeiro desespero passou, percebemos que era possível ficar lá até encontrar uma casa boa para morar - e que entre outras coisas, compensasse também.
Quando avisei os outros moradores, comentei da seguinte forma: Vou precisar me mudar, acontece que pode ser "amanhã" ou pode ser no "final do semestre". Uma das meninas saiu da casa, um dos meninos foi pro quarto dela e seu quarto ficou vago. Um dos meninos que tinha um quarto "inferior" queria mudar de quarto, mas ele preferia o meu. Aceitamos um novo morador na casa, baseados no fato de que eu iria sair e portanto o menino pegaria meu quarto quando eu saísse e que para além disso, quando eu saísse eu não precisaria me preocupar em colocar ninguém no meu lugar, porque eles conheciam vários interessados.
Eis que eu não consegui encontrar uma casa legal, barata, enfim... não estruturalmente como aquela. E fui me arrastando meses adentro naquele lugar.
Chegou um momento em que havia no ar aquela dúvida do tipo "ué, quando essa menina vai sair?" eu, perspicaz, notei a dúvida, mandei um email de esclarecimento sobre as razões de eu não ter saído ainda, explicando que com o final do semestre chegou a atolação de trabalhos e tal, mas que eu pretendia sair ainda.
Duas semanas depois o menino que queria meu antigo quarto mandou um email, nele dizia que estava descontente com a situação porque ele acabou ficando com o quarto dele, e que eu havia feito um acordo que parecia que não ia ser cumprido, disse ainda que conversou com algumas pessoas na casa que derão razão a ele e que ele queria chamar uma reunião para discutir isso.
Na reunião era visível que havia uma divisão entre aqueles que o apoiavam e portanto estavam ao lado dele e aqueles que estavam "neutros". A primeira proposta feita foi que ele queria trocar de quarto comigo imediatamente. Eu disse que não, primeiro porque minha mãe não queria (e como, sim, ela que paga meu aluguel, acredito piamente no fato dela ter tanto direito "quanto eu" em fazer escolhas ou me falar a opinião dela) porque também não compensaria financeiramente e muito menos logisticamente, visto que era minha intenção sair de lá por conta do valor alto e que com as férias eu iria procurar um novo lugar pra morar com muito mais empenho.
Bom, a questão de deixar a data da saída em aberto pareceu desde o começo fora de questão. A segunda proposta (depois de alguns estranhamentos e irritações) foi que eu teria dois meses para achar outra casa e que, passado esse prazo, eu deveria trocar de quarto.
Conversando com um dos moradores depois argumentei (realmente fora de hora e lugar) que eu não pagaria mais o fundo de reforma quando deixasse a casa (!!!!)e na hora em que eu disse isso ele se irritou muito. Foi grosso comigo, mandou eu sair da frente dele, disse que nao queria mais falar comigo aquela hora (ele me advertiu de que era melhor porque ela seria extremamente grosso e não queria sê-lo mas eu insisti em tentar resolver as coisas). O clima ruim já estava instalado faz tempo.
Nesse dia resolvi pedir no email para que as pessoas anunciassem minha vaga para Julho/Agosto porque eu ainda não tinha escolhido que casa iria morar.
Na sexta-feira fui conhecer duas casas com meus pais e optei por uma que, no entanto, eu deveria entrar pagando o aluguel: Isso se resumia em muuuito dinheiro para pagar dois aluguéis e mais contas.
Mandei então um email para todo mundo perguntando se teria problema em eles dividirem meu aluguel e eu pagá-los quando eu poderia, um pouco por mês, assim eu conseguiria me mudar. E que minha pretensão era mudar dia 10 de julho, portanto podiam anunciar a vaga para a partir dessa data - de forma que a pessoa que entrasse pagasse o aluguel dia 10 de agosto.
Quanto a dividirem meu aluguel, a maioria pareceu não se opor, mas jogaram para mim a responsabilidade de também achar alguém para colocar no meu lugar, me desejando boa sorte para encontrar alguem em 9 dias e fazendo ressalvas do tipo: Não dava pra encontrar qualquer um, porque a pessoa precisaria ser aprovada pelos moradores da casa e como não estavam mais todos por aqui, isso demoraria um tempo (SENDO QUE na entrada do último morador em nenhum momento eu tive que conhecê-lo quando ele disse que entraria na casa) e bom, comecei a ficar aflita porque de fato eu não imaginava que precisaria lidar com isso. Citei no email que fazia parte do acordo (o qual inclusive eles estavam me fazendo cumprir, que eu nao teria que achar ninguém e que, vejam só, no fim das contas eu estava saindo no final do semestre...) Não quiseram que anunciasse na internet, mas depois cederam... A sorte é que alguns dos meninos se empenharam em anunciar para amigos e a sorte mais ainda é que um deles encontrou um amigo.
Bom, antes disso, porém, o menino com quem eu havia me desentendido uns dias antes mandou uma pergunta no email. Perguntou "Se nenhum morador for encontrado nos próximos dias de quem vai ser a responsabilidade do aluguel?".
Eu respondi que não sabia, porque ainda não havia pensando nisso e porque na real não estava considerando essa possibilidade, ou seja, alguém apareceria e fim.
Um dos meninos respondeu que era contra eles pagarem meu aluguel alegando que eu não era pobre e que assumi a responsabilidade, além de ser grandinha o suficiente para fazer um empréstimo de verdade e pagá-lo. (Ainda bem que essa parte eu consegui resolver).
Quando anunciaram no email que haviam encontrado uma pessoa disposta a entrar e pagar em agosto, tudo o que precisavam, dei o assunto por "encerrado". Me permiti até a ficar feliz e respirar aliviada enquanto meus dias naquela casa iam passar até a chegada do dia 10. O assunto parecia resolvido, até que abri meu email e encontrei uma resposta daquele menino com quem eu havia me desentendido:
Júlia, eh incrível a sua falta de capacidade de responder uma pergunta simples...
A pergunta era, se houvesse problema com datas e valores quem ia assumir...
soh tem duas respostas
1) Você vai negociar com a pessoa que tah vindo pra casa e deixar tudo acertado
2) Foda-se quem vai ficar na casa
E pela sua falta de capacidade, acho que vc daria a resposta numero 2...
Sinceramente achei voce totalmente egoista em suas atitudes... voce fez uma baita duma trapalhada e quis colocar a culpa na casa ao inves de assumir pra voce o problema...
Pela suas atitudes voce quer se esquivar de qualquer problema ou responsabilidade e quer jogar tudo pra casa... sinceramente... senti que vc quis sacanear mesmo... jah que as pessoas que moram aqui acharam justo vc trocar de quarto, voce vai descontar na gente, saindo da casa dia 10 e se n aparecesse alguem ou houvesse problema que a gente se foda...
estou cansado do seu egoismo e imaturidade e vou ficar aliviado dessa situação toda, quando voce finalmente sair da casa porque eu cheguei no meu limite.
acho que vc deve parar de justificar seu egoismo dizendo que eh a opção de sua mãe... já que pelo visto ela soh pensa em você, e não se importa nem um pouco com quarquer um ao seu redor...
o que aconteceu aqui na casa foi uma conversa pra chegar a um consenso JUSTO acima de tudo... acho que 9 pessoas tiveram uma conversa coerente e voce está se colocando num papel de vitima...
achei sua postura em relação ao processo lastimável...
Qual não foi o meu choque quando li esse email, né? Tive um ataque de "pânico". Me senti completamente idiota. O tempo todo passei por um dilema sendo incentivada por uns lados a simplesmente sair da casa e deixá-los na mão, enquanto internamente pensava que não queria agir assim para não dar mancada com eles porque, afinal de contas, haviamos morado juntos e etc. Todo meu sofrimento e minha agonia desde a decisão final da reunião - na qual ficou claro que havia uma pressão e um ultimato para deixar a casa e que, como esse próprio menino tinha dito, um lado sairia feliz e outro triste e eles escolheram o lado deles - enfim, mesmo depois desses momentos já de tensão pós-reunião até todos os dias que se arrastaram, até minha solução, até me jogarem a tarefa de encontrar alguém... Em todo o momento eu JAMAIS fui egoísta. Ingênua, talvez. Confusa, também.
Eu não respondi o email. Não por falta de vontade - principalmente ao lê-lo num primeiro momento escrevi várias coisas, nenhuma "boa" o suficiente para enviar. Deixei assim, nem eu nem ninguém respondeu. O que aconteceu foi que no mesmo momento em que li o email me desesperei, juntei minhas coisas e fiz uma mudança de "ultima hora" levando minhas coisas na casa do vizinho para no dia seguinte me mudar às pressas para a minha casa nova.
Aliás, fui acusada de muitas coisas, nesse email. A primeira delas foi de entender - pessoalmente - que havia sido expulsa quando na verdade só se chegou a um consenso de que eu estava errada e deveria cumprir meu acordo, e eu, egoísta que sou, vi tudo como uma coisa contra mim e quis jogar isso neles! Claro, alguns momentos eu penso que sim, eu deveria de fato fazer exatamente isso, mas não fiz. E ai fui obrigada a ler um email completamente desnecessário como esse, que pretendia, não há outra alternativa, me ofender e e me humilhar.
Talvez minha saída tenha sido a resposta perfeita para eeles, que provavelmente comemoraram falando mal de mim - porque, e isso foi um conselho, não importava o quanto eu tentasse fazer as coisas certas para ambos os lados, eles iriam falar de mim em algum momento - e esse momento chegou antes de terminar as coisas.
Não digo que eu não estou feliz, estou absurdamente feliz por ter saido de lá. Mas emotiva que sou, com certeza isso me marcou profundamente, porque (e eu deveria parar de ser assim, já sei) eu me deixo levar facilmente por coisas ruins, por pessoas escrotas. Porque, sim, não há escrotice maior do que isso. Não há pessoa mais escrota do que a que escreve um email desses quando tudo está já resolvido. Não há pessoa mais absurda que age como se fosse a mais razoável possível e argumenta inclusive que sempre tenta ver os dois lados etc etc etc, um monte de baboseiras que desmoronam quando escreve um email baixo e desnecessário como esse. Isso sem falar em todos os outros problemas que a república teve e que não me envolviam mas o envolviam, os quais não será necessario citar.
Talvez essa tivesse sido uma resposta boa o suficiente para mandar pra ele. Mas percebi que iria me desgastar mais ainda, que ia querer afetá-lo como ele me afetou no inicio mas que provavelmente não conseguiria, porque há podridão ali, há fingimento. E eu realmente nao precisava mais fazer parte disso.
Agora é pagar o aluguel, as contas - PELA ÚLTIMA VEZ - e esquecer que passei um pequeno tempo da minha vida lá.
Alma lavada!