
30 horas sem dormir. Fiz o que pude, mas de repente não foi mais possível resistir. E embora fosse apenas uma luta qualquer, no fim percebi que tinha mais do que simplesmente ficar acordada... Enquanto estivesse estaria livre de todos os pesadelos, ou não precisaria pensar neles. Se dormisse, teria que enfrentá-los todos de uma vez. Se dormisse não seria capaz disso e ficaria desprotegida... Não era o momento pra isso, não podia me expor assim, mas foi preciso. Acho que o que fica disso é que a vida é frágil, os sentimentos também. Eu deveria saber que não era um bom momento pra isso, eu deveria ter certeza. Talvez não fosse nunca, mas aquilo era o procedimento necessário, extrair o espinho, fazer parar a dor... Mas deixar sangrar.
Hoje não consegui acordar e quando levantei percebi que não poderia me levantar realmente, que não tinha vontade para fazer nada, que precisava ficar aqui, simplesmente aqui. Que eu não queria ninguém, não quero ninguém, não quero mais esperar nada de ninguém, não quero ter ninguém. E, ao mesmo tempo você descobre que ficar perto de alguém é a única maneira de não enlouquecer em você mesmo, porque quando você percebe está simplesmente existindo, e eu sei que viver é muito além disso... Eu juro que sei, mas estive muito machucada pra isso, pra ser rejeitada, pra ser destruída, atacada...
E acho que é isso, aprender a ver, na maior parte do tempo é você com você mesmo, esperei muito das pessoas, talvez porque eu tenha me dado demais. É tudo muito grande, é tudo muito pequeno, nada é o que parece, nada parece o que é, é tanta dúvida, tantas angústias, tantas dificuldades...