Opa! Se me va una pieza!

De tempos em tempos me movo para escrever. Ou melhor, o amor(e a falta dele) me move. As pessoas, as relações e as não-relações. Os conflitos, as decepções e as frustrações. Algumas borboletas no estômago, os sorrisos e carinhos. As risadas. Todas as coisas que foram e também as que poderiam ser. Assim, eu escrevo. Porque as vezes sinto uma necessidade enorme, que cresce apressadamente em mim, essa necessidade de transmitir às palavras aquelas coisas que eu sinto. 
Brinco comigo mesma: fazer a sociologia crítica do amor não é tarefa fácil. Ainda mais quando o coração, vida que é, insiste em doerapertarsangrar todo dia. 
A comunicação, tarefa árdua. A responsabilidade afetiva em ter responsabilidade com pessoas que nunca pensamos que teríamos - já que muitas vezes não temos nem com aqueles que supostamente deveríamos ter. As tantas, várias, muitas assimetrias - sobre as quais nunca podemos falar, tabu intocável que é "discutir relações" quando, na verdade, deveríamos poder discuti-las entre nós, aqueles que se relacionam de todas as formas possíveis. Conversar sobre isso, sempre que necessário, menos quando as conversas são superestimadas - porque as vezes elas são. Embora quase nunca. 

Frequentemente recolho meus cacos. Enquanto faço isso, prometo para mim mesma que não vou repetir os mesmos erros ao me relacionar de novo com alguém novo. Na verdade, prometo que isso sequer vai acontecer. Digo que vou ocupar a mente e o corpo com infinitas outras coisas - o que de fato deveria acontecer com mais frequência. Sei o que é ter que recolher cacos. Juntá-los um a um é um processo muito doloroso, diversas vezes, para a alma das pessoas. São essas sensações, extremamente humanas e inocentes, descontaminas... Até não serem mais. As vezes me perco nessa reflexão. 
As vezes questiono a auto estima, me sinto incapaz de satisfazer quaisquer que sejam os desejos e vontades das pessoas. Isso gera uma frustração imensa em mim. As rejeições seguem sendo um problema. Acredito que é uma das desconstruções mais difíceis, lenta e sofrida que passamos. E são tantas... O problema é que é difícil achar pontos fora da curva, mesmo a gente tentando bastante. Acho que existem aquelas pessoas que passam a vida insistindo em alguma forma das coisas acontecerem, nas mais variadas temáticas da vida. Vão insistindo aqui e ali, vão conseguindo plantar suas sementinhas minúsculas por ai. Bom, essa é uma parte da história. Eu me vejo nela, gosto de pensar assim quando se trata sobre amar/amor/empatia e essas coisas. É preciso tentar de alguma forma e eu ando procurando fazer isso daqueles jeitos que eu penso saberia ser boa. 

Mas eu estava falando de responsabilidade afetiva. Era sobre o que eu queria falar. Mas o muito é resumido assim: ou você tem ou você não tem. Se você não tem, ou você vive bem com isso, tranquilamente, ou você percebe que isso é uma droga e passa a vida tentando melhorar - o que da muito trabalho. 

O que eu gostaria, embora já conheça a resposta, é viver essas empreitadas melhor armada. O estar constantemente nu as vezes é cansativo. Bem, sempre achei que fazia sentido que para ir ao deserto é preciso estar nu. Nós sentimos demais, em excesso. É o que é isso. Nós sentimos tudo, o que é, o que poderia ser de diversas maneiras, o que vai deixar de ser e o que deixou. As vezes não nos permitem ficar de nenhuma forma, e precisamos ir embora e é um saco, dói. As vezes as pessoas não são possíveis, não é possível - Pela lógica faz sentido, mas nós não somos nada lógico. As vezes não correspondemos e de certa forma ocupamos o outro lado e não sabemos lidar com isso. Falamos menos sobre, deixamos de lado, As vezes revertemos a culpa, nos colocamos pra baixo. Falta tato, sensibilidade. Falta um pouco só de carinho e a percepção do que se está fazendo. 

Ainda bem, e eu conto com essa sabedoria (que se camufla as vezes), que o tempo é o melhor remédio e que no passar dos anos e construir a vida, vamos fechando completamente diversas feridas, aprendendo a lidar com algumas que as vezes doem e tateando por ai, eventualmente ganhando novas feridas. Porque não se trata de compartilhar, o que é a definição da vida, a própria vida? E compartilhar quero dizer, com outras pessoas, as mais várias pessoas... 

Postagens mais visitadas deste blog

"Fica bem", "Se cuida" e "tenha uma boa vida" e o significa real do "não se envolver".

Sociologia do amor: a quase-simetria possível na sinceridade

Carta de repúdio às canções da atlética da medicina da PUCCAMP.