Tentando um feminismo didático

A história do movimento feminista é antiga, e surge a principio como algo singelo, um burburinho contestador que não conseguia entender porque algumas coisas funcionavam como funcionavam. Assim, estamos nos debruçando mais especificamente no movimento feminista ocidental, com o qual tivemos mais contato até os dias de hoje – algo que vem se modificando com os estudos pós coloniais em grande medida. O primeiro documento que marcou de forma importante a história do feminismo, igualando juridicamente homens e mulheres foi a “Declaração dos Direitos da Mulher” publicado em meio à Revolução Francesa feita como resposta à Declaração dos direitos do Homem, mas infelizmente refutada e não utilizada.

Em 1827, na Europa, as mulheres conquistam o direito à educação. Ao longo da história as mulheres lutaram muito para conseguirem garantir esse direito e, durante o século XX, essa luta foi rendendo frutos às mulheres.). Em 1878 se inicia um forte movimento pelo direito ao voto feminino e em 1893 a Nova Zelândia é o primeiro país a aprovar o voto feminino. A cronologia seguiu da seguinte forma: 1903 - Austrália; 1906 -Finlândia; 1913 -Noruega; 1915 -Dinamarca, 1917 -Holanda e Rússia, 1918 -Alemanha, Áustria e Inglaterra, 1919 - Suécia e Polônia ; 1920 - Estados Unidos; 1931 - Portugal e Espanha; 1934 - Brasil; 1940 - Turquia ; 1944 - França ;1945 - Japão ; 1949 -China e 1971 -Suiça.

(Em 1879 as mulheres brasileiras conquistam o direito ao acesso ao Ensino Superior. As mulheres no Brasil se superam em escolaridade em relação aos homens: são quem mais frequentam os estudos e se formam no ensino superior. Em contrapartida elas estão majoritariamente concentradas nos cursos de humanidades e artes e educação – áreas com os menores rendimentos salariais, historicamente).

A situação nos países europeus, no entanto, continuava fervilhando em conflitos e contestações, e o movimento feminista – reforçado pela participação das mulheres pertencentes às classes trabalhadoras, também se fortalecia. Em 1907 é realizada a I Conferência Internacional de Mulheres Socialistas com a ideia da militante russa Clara Zetkin em se criar uma data internacional de luta das mulheres, a fim de que essa pudesse ser uma forma de universalização do movimento.

Em 1917 ocorre a Revolução Russa, a principal Revolução até hoje a avançar (sem iguais) na conquista de uma legislação igualitária no que diz respeito às mulheres. Inclusive, a revolução acontece em grande parte pela iniciativa das trabalhadoras russas. Em 1919 a OIT (Organização Internacional do Trabalho) aprova o documento “salário igual” entre homens e mulheres. Em 1949 a escritora e ativista Simone de Beauvoir lança o livro O segundo sexo na França, onde realiza uma importante reflexão sobre a construção de gênero e a opressão da mulher.

(No Brasil, em 1962 é criada a Lei 4.212/1962, que garantiu que a mulher não precisava mais de autorização do marido para trabalhar, o direito à herança e a possibilidade de requerer a guarda dos filhos em caso de separação. E só em 2006 a Lei Maria da Penha é sancionada no país).

Existem muitas leituras do conceito de gênero, mas em geral é possível entendê-lo  como estrutura simbólica (e material) de organização social. “Ser homem” e “ser mulher” representam categorias chamadas “gênero” – o gênero feminino, o gênero masculino. A noção do que é ser mulher e do que é ser homem (gênero) varia inclusive cultural e historicamente. Além disso, é impossível pensar o que é ser mulher se não se pensar o oposto disso, que vem mais ou menos representado no outro “pólo”, o que é ser homem, ou seja, é uma construção social a partir de pares dicotômicos, necessariamente opostos e excludentes. Isso quer dizer que a categoria de gênero é, também, relacional – e neste caso, permeada por uma hierarquia de poder.

A noção histórica e cultural de gênero relaciona-se também com aspectos biológicos e de natureza. Uma vez que de fato existem diferenças entre homens e mulheres ou, mais especificamente entre os aparelhos reprodutores reconhecidos como de “macho” ou de “fêmea” a construção de gênero pauta-se nessas diferenças, atribuindo significados sobre o que é ser mulher/homem a partir desses aspectos biológicos, embora muitas vezes esses significados nada tenham a ver com os aspectos biológicos por si só. Por exemplo: na natureza as fêmeas engravidam e cuidam das suas crias em grande parte das vezes, é verdade. Mas entre MUITAS espécies existem grandes variações no comportamento do cuidado com os filhotes e em todo o processo de acasalamento e gestação. Isso quer dizer que a noção de maternidade/amor materno não é necessariamente relacionada com a sexualidade/reprodução sexual. É uma construção social.

Essa relação de poder tem hierarquizado o homem como pólo dominante, superior com maior concentração de poder, e esse tipo de sociedade podemos chamar de patriarcal. Existem sociedades onde a mulher ocupa essa posição de centralidade, mas elas são mais raras. O fato de vivermos numa sociedade assim não é imperceptível: a entrada da mulher no mercado de trabalho é recente; ainda existe a concepção de que a mulher deve ficar no lar cuidando dos filhos e da casa por conta do seu “instinto materno” (mito), da fragilidade feminina em decorrência da mulher engravidar (?) ou ter menos músculos; os homens ainda fazem piadas sobre os cérebros das mulheres como se fosse a coisa mais óbvia do mundo que o deles é melhor (?); o fato de que a conquista do direito ao voto, pelas mulheres, até hoje não é plena no mundo inteiro e só veio com muita luta desse setor organizado e muitos outros exemplos.

A relação binária, na imagem de gênero e hierarquizada socialmente, gerou desigualdade em todas as sociedades do planeta praticamente, de forma quali e quantitativamente diferentes, embora a desigualdade em si tenda a ser histórica. A relação de poder gera consequentemente uma relação de opressão: representando e se percebendo como o lado superior, o mais forte da relação, os homens tem construída para si toda uma estrutura (objetiva e subjetiva) que lhes permite se enxergarem (e serem) dominantes nas relações sociais que estabelecem com o outro pólo, o feminino. Isso gera uma série de argumentos que lhes permite praticar diferentes formas de violência contra as mulheres – na forma do que chamamos de machismo (opressão de gênero). Mais uma vez, isso está escrito na história da humanidade em geral. Porém, não podemos de forma alguma dizer que essa desigualdade é linear e as mulheres sejam sempre vítimas. De fato, na relação de gênero as mulheres são vítimas (estruturalmente e como consequência também em suas subjetividades), mas elas não estão sempre ocupando a posição de passividade: as mulheres sempre estiveram dispostas a aprender sobre si mesmas, apesar das dificuldades impostas, e a lutarem pelos seus direitos quando entendiam que estavam em situação de desigualdade.

Os níveis de enfrentamento foram (e são) dos mais variados, dependendo também da conjuntura histórica e política que vivem. Assim, a história do movimento de resistência à opressão de gênero ficou conhecido como feminismo. O feminismo como vemos cada vez mais, possui inúmeras concepções teóricas e políticas sobre essa discussão de gênero/opressão e muitas formas de se manifestar também: em grandes movimentos, em debates teóricos, em práticas e reflexões cotidianas. É uma (contra)ideologia política, uma forma de pensar o mundo que, apesar das diversas vertentes, tende a concordar sobre um aspecto comum: enxergar que existe uma desigualdade social entre o que são homens e mulheres hoje na sociedade. Além disso, como gera movimento político, atores e sujeitos e teorias, o feminismo está constantemente em debate e se atualizando, confrontando e transformando.

Em geral, portanto, o feminismo não opera por uma lógica de querer produzir mais desigualdade, pois isso não faria sentido como resposta para um dos seus maiores questionamentos sobre a sociedade: que é justamente não conseguir aceitar que existe porquê de haver desigualdade social entre homens e mulheres e, mais do que isso, não aceitar a violência que isso gera. Não faria sentido, portanto, reivindicar uma sociedade que se organizasse em torno de uma opressão invertida. Por isso, é impossível dizer que feminismo é a mesma coisa que o machismo. O feminismo pensa necessariamente sobre o fim da opressão. Claro que haverá diferença, a partir da leitura teórica, como essa extinção pode ser alcançada – e isso não é menos importante, mas em geral o feminismo também concorda com a necessidade do fim da violência contra a mulher – isto é, contra o gênero feminino.

Quais as pautas mais “essenciais” do movimento feminista?
A luta das mulheres é, em grande medida, pauta pela reivindicação de que seu espaço de atuação/ação não deveria ser apenas o doméstico, isto é, o privado, como também deveria ser a esfera pública. Em outras palavras, reivindicam que sejam reconhecidas enquanto sujeitos políticos – parte constitutiva e fundamental do funcionamento da sociedade.
Além disso, é importante reconhecer que o trabalho doméstico e o de cuidado dos filhos são parte do trabalho social produtivo, aquela parte responsável pela manutenção e reprodução da força de trabalho do trabalhador, trabalho vivo indispensável ao processo produtivo. Então, uma bandeira central das mulheres é a socialização do trabalho doméstico. O que isso significa? A simples divisão igual de tarefas e não simplesmente o “ajudar” e sim o compartilhar.  
Descriminalização e legalização do aborto: Educação sexual para prevenir, contraceptivo para não engravidar e aborto legal e seguro para não morrer;
Trabalho igual, salário igual: igualdade salarial;
Fim da cultura do estupro e da violência contra a mulher;
Recortes interseccionais: mulher negra, mulher trabalhadora rural, mulher indígena.

[Uma palinha da concepção marxista de feminismo: nela, a opressão é gerada pela organização da sociedade em sua forma patriarcal bem como pela exploração da força de trabalho a partir das relações sociais de produção. Isso quer dizer que o machismo, enquanto opressão, é produto de uma relação social de dominação e exploração sustentada tanto pelo patriarcado quanto pelo capitalismo, materializando-se na relação entre homens e mulheres. A consequência prática disso é a necessidade de se ter uma luta que mire em ambos os alvos - o sistema em sua dimensão econômica e também política-ideologica, já que são coisas necessariamente interligadas. Capitalismo e patriarcado não são a mesma coisa, evidentemente, embora o primeiro se utilize do segundo principalmente a partir da geração da divisão sexual do trabalho retomando Engels, a origem da família, da propriedade privada e do estado, há que se recordar a gênese da opressão na origem da propriedade privada e da acumulação privada de riqueza, que gera a necessidade da herança e da perpetuação dessa propriedade no mesmo núcleo familiar, de certa forma institucionalizando a divisão sexual do trabalho e a monogamia como forma de relação social/afetiva dominante.
E o problema do sujeito social da libertação da mulher? Quem é o sujeito revolucionário? A emancipação "integral"/total das mulheres depende, necessariamente, da emancipação total do trabalho (da exploração e apropriação privada dele), o que significa que é necessário que a força social capaz de realizar isso (a classe operária) tome para si o  feminismo, mas não só tome para si como se transforme também em feminista. Um dos problemas centrais para a crítica marxista (ou pelo menos anticapitalista) reside na família, principalmente enquanto unidade produtiva privada, particular.  Trotski (1977) chamaria atenção para o fato de que a vida doméstica é mais conservadora que a econômica (p. 25). O autor ainda afirmará que mesmo que o desenvolvimento de uma “nova família” seja algo coletivo, não pode-se esquecer que a transformação também se da em nível psicológico e individual – um desenvolvimento interior, auxiliado pela elevação cultural dos trabalhadores e trabalhadoras.]

Essas são as coisas mais básicas e importantes que precisamos saber sobre essa quase abstração que é o FEMINISMO. Daí, podemos explorar um pouco mais alguns termos e debates importantes que esse movimento traz para nós.

Cultura do estupro:
Esse termo foi inicialmente criado pelas feministas norte-americanas, originalmente como “Rape Culture”, na década de 1970. Foi aplicado na tentativa de explicar como, na e para a sociedade, as próprias vítimas de violência machista e abuso sexual são culpadas pelo que sofreram, denunciando a visão sexista e opressora que existe nas formas mais enraizadas possível. É uma forma de encorajar agressões – simbólicas, verbais e físicas – contra as mulheres, a partir da perspectiva machista de que mulheres são inferiores biológica e socialmente aos homens e que, portanto, devem ser submissas – a partir da sua objetificação e da ideia do controle de seu corpo e de sua sexualidade.

A cultura do estupro aparece de diversas formas: nos filmes pornôs, nas piadas sexistas, nas novelas, filmes e programas de televisão, no ambiente de trabalho, nas revistas e jornais, nas escolas e faculdades, nas ruas através de cantadas, nas propagandas e mídia. Ela está intimamente ligada com a construção social do que é ser mulher e qual posição ela ocupa na sociedade – a partir de elementos ideológicos e materiais que estruturam nossa sociedade, ou seja, a partir de questões objetivas que escapam à nossas opiniões e sentimentos, apenas.

A imagem da mulher, desde a conformação de uma sociedade patriarcal, isto é, onde a figura do homem aparece como chefe de família e “soberano”, a coloca como indivíduo subalterno na relação. A sociedade patriarcal e machista tende a enxergar a mulher e seu corpo (material, objetivo) como objeto de controle e dominação. Consequentemente sua sexualidade também aparece assim.

Não precisa ser famosa pra sentir esse peso. Mulheres que são mães e profissionais ao mesmo tempo são a todo o momento questionadas. Mulheres não podem, frequentemente, amamentar seus filhos em público (curiosamente quando é de interesse, os seios femininos são objetos de propaganda), elas são questionadas em sua capacidade de serem profissionais (trabalharem e estudarem) e ter filhos – mães solteiras são sempre “mal vistas” como se fossem as únicas responsáveis por terem engravidado. As mulheres muitas vezes por causa dessa visão de serem as responsáveis pelo espaço doméstico (privado) acabam realizando jornadas duplas e até triplas de trabalho! Isso ocorre quando elas trabalharam fora (uma jornada), realizam trabalho doméstico (2 jornadas) e cuidam dos filhos (3 jornadas!).

 Outra questão muito explícita é em relação ao seu corpo e sua sexualidade. Na sociedade em que vivemos a sexualidade da mulher é um tabu e altamente controlada. O seu corpo é visto como objeto de satisfação do homem (podemos dizer também que vivemos numa sociedade falocêntrica) – como se a mulher não tivesse possibilidade de desejos, sentir prazer e vontade, etc. Todos os elementos do corpo parecem ser pensados como algo a satisfazer a sexualidade dos homens – assim, a roupa, a maquiagem, a forma que a mulher se comporta, tudo parece girar em torno da satisfação do homem.
Essa visão é o que nos permite entender o comportamento dos homens com as mulheres em bares e baladas: chegar encostando no corpo, pegando no braço ou cabelo ou mesmo passando a mão. A concepção de que se uma mulher diz que não quer nada é porque “está se fazendo de difícil e precisa ser conquistada” – no sentido de dominação. Isso nos permite entender os comentários entre amigos nos bares, faculdade, trabalho e as atitudes na rua (cantadas, fiu-fiu) na concepção de que as mulheres tem que aceitar “elogios” de quem quiser elogiá-las, de que elas devem ser educadas e polidas e não recusar um homem e suas cantadas. Mede-se tudo: o tamanho da roupa, o quanto ela está apertada, o tamanho do decote, o tamanho dos seios, da bunda, o tanto de maquiagem, a cor do batom e do esmalte, o sapato, o comportamento, o quanto a mulher bebeu, etc.

Por fim, essa concepção também produz uma visão que segrega as mulheres, inclusive entre si. Separam-se as mulheres “feitas para casar” – que não transam no primeiro encontro e por ai vai; as mulheres “feitas para pegar apenas” – que seriam as mulheres “fáceis” (o que quer que isso signifique) – o que cria inclusive um clima de competitividade entre as próprias mulheres. Ambas, no entanto, permanecem sob controle e dominação dos homens e da sociedade. Se transa muito, é vadia. Se não transa, é puritana demais – de qualquer forma as lentes que julgam e delimitam uma ou outra são masculinas. Se engravida jovem, é vagabunda. Se não quer ter filho, não está seguindo o “instinto materno” (de novo, seja lá o que isso quer dizer, já que ninguém cobra muito o instinto paterno dos homens) e não é confiável.

A questão da diferenciação entre homens e mulheres e, portanto, da existência e reprodução da opressão está intimamente ligada à nossa educação desde que somos pequenos. Aprendemos a respeitar as “caixinhas”, os papéis de gênero a nós designados, e caso saiamos deles somos punidos e cerceados. Nunca paramos pra pensar porque raios azul é cor de homem e rosa é cor de mulher. Porque meninos não podem brincar de casinha e boneca, já que homens e mulheres fazem filhos juntos e deveriam, ambos, portanto, aprender noções de cuidado básico doméstico. Nunca nos questionamos profundamente porque uma menina não pode se vestir ou gostar de super heróis – ou, melhor ainda, porque as super heroínas em geral usam roupas sexies e nada confortáveis para salvar o mundo (parece que o que importa não são suas capacidades, mas seus “atributos”, pra variar), nunca questionamos porque permanecemos com a visão de que mulheres não podem dirigir carros, pilotar aviões, construir casas e outras profissões – porque raios não ensinam a meninos e meninas como funciona um automóvel e como trocar uma resistência de chuveiro – e por aí vai! A educação é extremamente machista, e podemos ver isso nas mais pequenas coisas cotidianas.

A violência contra a mulher, gerada e legitimada pela cultura do estupro, pode se manifestar de diversas formas: é simbólica, como os assédios e cantadas nas ruas, pressões psicológicas, relacionamentos abusivos e etc; é física, como em caso de agressão e estupro. Inclusive, por mais bizarro que isso possa parecer, em diversos países do mundo as mulheres muitas vezes são assassinadas exatamente pelo fato de SEREM mulheres. O termo usado para essas agressões que, por vezes, resultam em morte, é FEMINICÍDIO ou FEMICÍDIO pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS), na maioria dos casos é cometido por homens que além de tudo muitas vezes tem ou tiveram algum tipo de relação com a vítima.

Em alguns países existem os chamados “crimes de honra”, onde a mulher é morta, muitas vezes a mando da família, por ter causado algum tipo de vergonha a esta e sujado o nome dela. Segundo a ONU, 5 mil mulheres são mortas por ano por “crimes de honra”, das mais variadas formas – o estranho é que as atitudes tomadas por mulheres que são consideradas vergonhosas para a família não seriam passíveis de assassinato, na maioria das vezes, se fosse um homem cometendo.
Outro problema grande envolvendo as mulheres é o caso de casamentos forçados, que ocorrem no mundo todo, com destaque para Índia, Nigéria e Bangladesh. Num geral as mulheres são forçadas a se casarem ainda na infância e segundo um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) na próxima década mais de 100 milhões de meninas poderão estar em casamentos forçados.

A mutilação genital também configura um grande problema. Ela está ligada à questões religiosas também e ocorre em países como Somália (incidência em 99% das mulheres) e Egito, além de outros países do continente africano e Oriente Médio. É uma prática exercida entre os próprios familiares e muitas vezes se a mulher se posiciona contra ela perde o respeito e o prestígio na comunidade onde vive, ficando marcada eternamente – o que prejudica seu desenvolvimento em diversas outras áreas da sua vida. A mutilação consiste desde a remoção do clitóris até dos grandes lábios da vagina, as vezes consiste no ato de costurar a vagina inteira.

Segundo a ONU a violência contra a mulher é uma forma de violação dos direitos humanos e, mais do que isso, é a forma de violação mais tolerada no mundo todo – isso porque ela também se manifesta nos mais pequenininhos detalhes.

Um pouco dos dados...
2014: 90,2% das mulheres afirmaram ter medo de sofrer violência sexual.
47.646 estupros foram registrados sendo que apenas 35% dos crimes sexuais são realmente notificados.
No Brasil ocorre 1 estupro a cada 11 minutos. A cada 04 minutos uma mulher da entrada no SUS por conta de violência doméstica.  
Fonte: Anuário brasileiro de segurança pública de 2015
Segundo a ONU, 7 em cada 10 mulheres já foram ou serão violentadas em algum momento da vida.
35% dos casos de feminicídio são cometidos por parceiros da vítima enquanto que apenas 05% dos casos de assassinato de homens são cometidos por parceiras (OMS).
Queimadura é a 7ª causa de morte de mulheres no mundo (OMS).
A América Latina é uma das regiões onde mais ocorre femicídio não-íntimo (quando o assassino ou agressor não tem nenhuma ligação antecedente com a vítima). Em 2008 mais de 700 mulheres foram assassinadas assim na Guatemala. Num geral os casos sempre mostram marcas de tortura e abuso sexual.

Fontes:












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